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23.4.09

20 de abril – burgos para descansar

a manhã começou bem mais cedo. a tenda estava fria assim como os meus pés. ainda enfiada dentro do saco cama, ouvia o rafael a vestir-se e a sair da tenda. era cedo e já se ouvia peregrinos a passar. eu continuei deitada, mesmo quando o rafael entrou. ele escrevia no seu caderno preto e eu tentava dormir um pouco mais, pois foi uma noite mal dormida… o terreno não era liso e o meu corpo estava estendido na ondulação da terra… era inútil, não consegui dormir mais e decidimos ir embora mais cedo. ainda vi fotografias que o rafael tirou nessa manhã. tudo cheio de geada! tudo branco, as bicicletas brancas! pingava dentro da tenda, pois esta também não se livrou da brancura da manhã!

pequeno almoço: bebida de soja com uma boa imitação de chocapic e como ainda tinha sobrado feijão com tomate, tentei terminar com ele! assim era menos uma lata que carregávamos. enquanto arrumávamos as coisas assim como a tenta ainda molhada, íamos ganhando uma camada de lama na sola das sapatinhas! estas tornavam-se pesadas! aproveitamos a casa em ruínas para sacudi-las e assim livramo-nos do peso.

o caminho seria tranquilo, tínhamos de percorrer poucos kms para chegar a burgos. começamos o dia e já montados nas bicicletas, tivemos de parar… estava frio e vento e o vento atrapalha e lutar contra o vento era difícil… pois nós não gostamos do vento! o vento cansa-nos. ai o vento… mas lentamente conseguíamos somar alguns kms. decidimos continuar pelo caminho de santiago. estava a gostar e adoro passar pelas pessoas, sorrir para elas, cumprimenta-las e seguir cada um na sua direcção. não havia grandes subidas e quando houve uma maior, esta não nos assustou. depois de uma subida, há sempre uma descida! maravilha! parecia que estava numa prova de btt, coisa que nunca fiz, mas descer e atingir os 35 kms/h em terra batida, com pedras e pedrinhas, para mim, foi uma loucura! sorte minha que não apareceu nenhum peregrino! agora sim, o ponto negativo: uma enorme subida! enorme mesmo! uma senhora subida! fui obrigada a parar duas vezes para descansar. paragens curtas, só para respirar. na primeira paragem, um casal francês meteu conversa. a senhora cheia de pena ao ver-me com tanto peso. desejou-me coragem e lá continuei a puxar a bicicleta que pesava como nunca tinha pesado! na segunda paragem, vi o rafael a falar com outro casal, olhavam os três para mim e tinham um enorme sorriso na cara. não posso mostrar fraqueza, depressa cheguei até eles e por pouco que os olhos não me saltavam fora…o caminho continuou sem grandes mudanças. o terreno era mais plano e depressa chegamos a burgos.

não tínhamos casa onde ficar por isso, fomos a procura do posto de turismo, mas claro, como tudo em espanha, estava fechado… andamos às voltas pela cidade até que um senhor nos apontou a direcção do albergue. fomos até lá mas não sabíamos se a nossa credencial dava, visto que não estávamos na direcção de santiago de compostela. não havia problema, podíamos lá ficar! a noite ficou barata, 3 euros cada um. e que luxo de albergue! sítio próprio para as bicicletas, grande sala de convívio e onde se comia, máquina de lavar roupa, máquina de café e mais umas quantas bebidas quentes, cozinha apenas com micro-ondas. os banhos eram quentes, com regulador de tempo da água a correr. Sítio para estender a roupa, com uma torneira e escova para limpar as botas. tinha muitas condições e sentia-me mesmo bem lá! muitas pessoas de todas as idades e de sítios diversos! Nas camas ao nosso lado, ficou um português de braga que estava a fazer o caminho de santiago com uma brasileira.

fomos visitar a cidade. senti-me mesmo bem nela. não é uma cidade muito grande, ou melhor, é grande mas não cansa, é acolhedora. demo-nos ao luxo de jantar fora. claro que tínhamos de ter batata frita com uma enorme camada de molhos!

antes de subir para os quartos, estivemos na sala de convívio a escrever um pouco e estava lá o português com quem estivemos à conversa. os olhos começavam a pesar e no dia seguinte tínhamos de nos encontrar às 8:10 com a carmen, com quem contactamos pela net para ficarmos em sua casa. assim ficaríamos mais um dia em burgos.

o mau de dormir nos albergues, é que temos de ouvir todos os tipos de ressonar! acordei no meio da noite e era uma sinfonia, que não me deixava adormecer…

Um comentário:

familia Palma disse...

sim, mais é lindo

estamos sempre ansiosos por mais

coragem...

hum... que bom

pedaços de mim