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23.4.09

19 de abril – sair de palência para não se sabe onde…

banho para despertar e quando entramos na cozinha, o david estava a terminar de fazer as torradas para nós! como sabe bem começar assim o dia! assim nos despedimos do david, agradecendo a sua hospitalidade. ainda no hall de entrada assistimos ao mau acordar de um senhor, que quase nos expulsava por estarmos a montar o atrelado lá. mas qual era o problema?! se tínhamos de sair com as bicicletas, não íamos pôr tudo cá fora para depois, sim, ligar o atrelado. mas pronto, nem toda gente acorda com um sorriso na cara!

não sabíamos onde havíamos de ficar. queríamos ir em direcção a burgos mas seria muito duro fazer de uma vez só o caminho. íamos andando e vendo. sentia-me mais cansada e o joelho do rafael voltava a dar sinal. o que custa sempre mais, são os primeiros 10kms… parece que os kms não passam e o corpo não está bem desperto. depois sim, o corpo habitua-se e voltamos ao ritmo normal, mas neste dia, confesso que sentia as pernas cansadas, o rabo dorido e o cotovelo esquerdo começava a dar sinal…

paramos para almoçar em fromista, onde víamos muitos peregrinos a chegar. pãozinho com queijo, sentados mesmo em frente a um parque para crianças. já no fim, um senhor meteu conversa com o rafael. só dei conta quando o ouvi a rezar o avé maria… olhei e vi que estava mesmo a falar com ele… e a rezar para mostrar que sabia rezar em português! quando terminou foi a vez do pai nosso… não me aproximava, ficava de longe a ver a cara do rafael, a dar toda a atenção ao senhor. quando conseguimos dizer adeus, retomamos caminho. desta vez íamos fazer o caminho de santiago, mas no sentido inverso. começamos com uma estrada estreita mas ainda com bom piso. os peregrinos cruzavam-se connosco e diziam “o caminho é por ali” e sorriam. mas há só uma direcção para aquele caminho? não o podemos fazer no inverso? o caminho de santiago sem ir para santiago? ou seremos considerados filhos do diabo? até acho mais engraçado fazer o caminho inverso, assim vemos as pessoas de frente e dizemos “hola” a todos! no caminho, encontramos um espaço muito acolhedor, havia uma fonte, com mesas e baloiço. que belo sítio para acampar! tínhamos água, mesas para um jantar confortável, e mais ao fundo, umas árvores perfeitas para satisfazer as vontades fisiológicas. era o sítio perfeito mas antes de levar para lá as bicicletas, fui ver se a fonte tinha mesmo água… nada, nem uma gota! seca! desistimos da ideia, teríamos de pedalar mais um pouco. rafael, espantado lê em voz alto a placa que se encontrava lá “lugar de descanso para peregrinos com água potável”. ainda tentou arrancar a placa, mas em vão… tivemos de a deixar lá, enganando mais uns quantos…

montados na bicicleta decidimos retomar o caminho de santiago, mas desta vez entramos em terra batido. ele era terra batida, ele era pedras e pedrinhas… o caminho era duro e mais lento… mas quem teve a ideia de fazer o caminho? quando vimos uma enorme subida, paramos. não íamos subir puxando as bicicletas até lá acima! o que podíamos fazer era arriscar cortar à esquerda que deveria dar a carretera. e assim foi.

próxima aldeia, veio um senhor na nossa direcção. era o responsável pelo albergue. já tínhamos decidido acampar essa noite, mas perguntamos onde podíamos comprar pão. estava tudo fechado, mas ainda nos disse para tentarmos comprar no restaurante ali perto. assim foi: pão comprado. não tínhamos água e mais uma vez lá foi o rafael perguntar ao tal senhor, ao qual ele ofereceu-se em arranjar a água. retomamos caminho, cada vez mais cansados.

finalmente encontramos um belo sítio para ficar. em castrojeriz, encontramos uma casa em ruínas, perto da estrada mas estávamos tapados pelas ervas altas. ficamos num cantinho acolhedor! montar tenda e cozinhar fora! só novidades nesta noite! eram 20:30 e já estávamos dentro dos sacos cama, cansados, só queríamos dormir! mas como adormecer ficando atentos a todos os barulhos? parecia que ouvia passos e lá nos levantávamos de repente para espreitar. não era nada… só barulhos… como o rafael leu num blog de um viajante, que disse que a primeira vez que fez campismo selvagem, até o peido de uma formiga se ouve. é mesmo verdade!

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