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19.7.09

uma aventura na alemanha

horstel, osnabruck, minden, hannover, goslar, quendlinburg, dessau, berlim, frankfurt (oder), foi a rota escolhida para atravessar a alemanha.

entramos na Alemanha, o calor era enorme e os quilómetros foram muitos! desde esse primeiro dia, percebemos que falar inglês com os alemães não iria ser tarefa fácil! ok, ainda não me posso gabar do meu inglês, mas quem me viu e quem me vê! se traduzir para português o que digo em inglês, soa mais ou menos assim: "nós sair de portugal há árvore (3) meses (...) eu ver alguns museus e ir passear muito a pé", sinto-me como uma índia (pode ter a sua piada). mas voltando ao inglês dos alemães. tanto adultos como jovens, teimam em falar connosco em alemão, como se percebêssemos. dão-nos as indicações e temos de estar atentos às mãos deles para ver se temos de virar à direita ou à esquerda. nesse primeiro dia, paramos para almoçar e fazer alguns vídeos "estúpidos" que se encontram no youtube! um senhor parou a bicicleta, sentou-me connosco e tivemos a conversa mais surreal! mais de dez minutos, ele a falar em alemão e com as mãos, e nós a tentarmos adivinhar! não foi tarefa fácil, mas foi uma tarefa divertida!
o clima, tanto na bélgica, na holanda como na alemanha, é sempre incerto... o dia estava quente e sonhávamos com a piscina que estava a nosso espera em horstel. (há pessoas em portugal que nos chamam de "chulos") faltavam dez quilómetros para chegar à casa da família que nos iria acolher, quando o céu decide escurecer rapidamente e o vento dava luta... assim de um momento para o outro! mesmo assim, conseguimos o nosso mergulho, não nas melhores condições climatéricas mas, um mergulho sabe sempre bem!
a nossa primeira experiência como hóspedes foi muito boa! havia a questão da língua mas não se tornava um grande problema. conseguíamos perceber o que todos queriam dizer e éramos percebidos. assim passamos um serão agradável. sobre a cidade? nada vimos!


noites dormidas em horstel - uma! próxima paragem - osnabruck!


mais uma nova experiência. ficamos numa casa com 8 pessoas. uns vegetarianos outros vegan. o que gostei foi do ambiente que lá encontramos. tudo malta nova e todos com bom relacionamento. jantamos todos junto numa grande mesa e no final, não houve discussão sobre quem é que lava a loiça. todos ajudam, se não ajudam "hoje", ajudam "amanhã". partilham tudo e ninguém aponta o dedo a ninguém. acima de tudo, penso que têm muito respeito uns pelos outros. tanto vemos carinho dos rapazes para com as raparigas, como vemos o mesmo carinho entre os rapazes.
não irei esquecer osnabruk e essa casa, pois trago comigo uma recordação que não penso desfazer-me dela! a minha primeira rasta, muito pequenina e escondida! isso porque como não andava a escovar o cabelo, comecei a ganhar uma pequena rasta... achei engraçado (sem me rir às gargalhadas) e em vez de cortar aquele pedaço de cabelo que já não conseguia pentear, levo comigo uma rasta de qualidade!
a cidade é acolhedora, bem cuidada. mas ao domingo torna-se vazia... e isso fez com que
perdêssemos o entusiasmo de caminhar pelas suas ruas. entramos num museu para ver uma exposição dos quadros de felix nussbaum. no início, não achei grande piada à sua pintura. não percebo muito de pintura, apenas percebo aquilo que os meus olhos vêem, e digo se gosto ou não gosto. à medida que avançávamos, avançávamos também na história da sua vida, e assim os seus quadros passavam a ganhar mais a minha atenção. morreu com 40 anos num campo de concentração. andou fugido mas não conseguiu escapar... foi apanhado na bélgica e foi levado para auswitcsh no último comboio rumo a esse lugar... no último comboio!!! à medida que me aproximava dos últimos quadros, ou seja, dos últimos dias da sua vida, o nó na garganta era maior. nesses quadros não estava apenas a sua assinatura mas também a data em que foram pintados. ver os dias a aproximarem-se cada vez mais do dia da sua morte, como se de uma contagem decrescente se tratasse, foi arrepiante. nunca pensei que uma exposição me tocasse tanto.


noites dormidas em osnabruck- duas! próxima paragem - minden!



de minden não vimos nada! não faço a mínima ideia do aspecto dela. dizem que é bonita... passamos o tempo todo com uma senhora de 64 anos. jantamos juntos e perdemo-nos nas horas... a conversa não terminava apesar do nosso cansaço. foi tão bom conhecer essa senhora! vegetariana há três anos, mente aberta e espírito jovem! o pequeno almoço foi recheado novamente com muita conversa e muitas histórias emocionantes.


noites dormidas em minden- uma! próximo destino - hannover!


ficamos em casa de um casal homossexual. um deles era viciado em jogos de mesa, tendo um quarto forrado com jogos, do chão ao tecto!!! o outro, cheio de piercings, crista roxa e condutor, há dez anos, do eléctrico.
hannover foi destruída quase na sua totalidade, na 2ª guerra mundial. tivemos a oportunidade de ver maquetas de várias épocas da cidade, e uma delas foi a da cidade destruída! impressionante! mesmo depois da cidade ter sido renovada, ainda sentimos história. uma das capelas que foi
totalmente bombardeada, em vez de a recuperarem, mantiveram-na tal como ficou, apenas as paredes ao alto, dando-nos a oportunidade de estar lá dentro e olhar para o céu e sentido o vento a entrar pelas janelas. entramos em mais uma capela surreal, esta estava em bom estado mas quando entravamos... era como entrar num grande jardim. árvores, plantas de muitas espécies, uma espécie de estufa no centro com areia no chão...
hannover é uma cidade muito urbana, mas também muito verde, contendo duas florestas no centro, umas das coisas
pela qual se torna muito interessante! temos a cidade, temos a floresta, temos grandes jardins, temos grandes lagos... e tivemos duas gatas que nunca decorei os nomes, que durante o tempo que tivemos em casa, nos fizeram companhia.


noites dormidas em hannover – três! próximo destino – goslar!


foi a caminho de goslar que encontrei um pouco daquilo que procuro nesta viagem. tivemos o 2º furo e desta vez no atrelado do rafael! foi apenas quando terminamos de almoçar que reparamos e começou a chover nesse momento, no momento da descoberta. precisávamos de uma ferramenta que não tínhamos e nem sonhávamos que iríamos precisar dela. à nossa frente tínhamos uma quinta, e víamos pessoas lá dentro. foi para lá que o rafael se dirigiu. passado dois minutos a senhora chamou-me para dentro. estava um senhor a tratar dos cascos de um cavalo, um senhor mais de idade que veio cumprimentar-me, a senhora tinha desaparecido, e duas miúdas que olhavam para nós. só a miúda mais velha de 12 anos (talvez) é que conseguia traduzir algumas/poucas palavras… passado 5 minutos, apareceu a senhora com leite e café! como soube bem beber café quente! mesmo estando em julho, temos dias fresquitos e muita chuva! sentamo-nos à mesa e mais uma vez, tentamos superar a dificuldade da língua. ganhei uma visita guiada a todos os animais, aos cavalos, a uma cabra, às galinhas com os seus filhotes e aos patos. como são bons esses momentos! o pneu estava bom e a estrada chamava por nós. despedimo-nos tirando muitas fotos e partimos, com uma nova ferramenta como prenda!

em goslar sentimos a riqueza da pequena cidade. passear pelas suas ruas é de ficar de boca aberta! casas todas trabalhadas em madeira, pintadas com várias cores. mais uma vez, foi como caminhar num postal! fomos convidados para um pequeno almoço. os alemães têm o costume de se juntarem para o pequeno-almoço! todos chegaram a horas! não fossem eles alemães. são super pontuais e não gostam de atrasos. ok, eu também sou muito pontual nos meus compromissos mas eles parecem que andam sempre stressados com isso, olhando para o relógio e em voz alta dizem: "faltam cinco minutos para as dez. estou no tempo!". combinamos sair de casa às nove e meia e quando ela fechou a porta de casa, olhou para o relógio e... "no tempo". tem o dia todo organizado, "a esta hora, tenho de ir ali, e a esta hora já tenho de estar acolá...". ufa...

noites dormidas em goslar – duas! próximo destino – quendlinburg!


foi a caminho de quendlinburg que entramos na alemanha de leste e isso sente-se, vê-se essa passagem! passamos a ter menos estradas, o que faz com que nos enganemos menos no caminho. as casas são todas em tons verdes escuros, castanhos, beijes... notasse que ainda continua a ser a parte pobre. a sensação que deu o rafael, foi que estava a entrar em portugal nos anos oitenta. eu era pequena nessa altura e não estava em portugal, mas acredito. no entanto, uma coisa sei, é que as calças de ganga transformadas em calções, já há muito que não se usam. os homens continuam com os bigodes tipo vassouras e patilhas farfalhudas. as mulheres sentem-se bonitas com a minha mãe se sentia precisamente nos anos oitenta, com o cabelo armado e as madeixas loiras. se não sabíamos que estávamos na alemanha, diríamos que estávamos na rússia ou na roménia ou na polónia…

em quendlinburg, já não sentimos tanta riqueza como em goslar. o ernesto mostrou-nos um pouco da cidade, a parte velha e a parte nova. o ernesto é o rapaz que nos acolheu e que mal o vi, fez-me lembrar a personagem do filme animado belleville rendez-vous. mais uma coisa que tínhamos notado, é que os alemães são tão sérios! claro que não são todos... mas já não apanhamos pessoas simpáticas como apanhamos em frança e na bélgica. aqui as pessoas tem dificuldades em sorrir. entramos num café com o ernesto e a empregada não foi capaz de nos dar um pequeno sorriso, posso até dizer que a cara dela era mais para o trombudo...


noites dormidos em quendlinburg – uma! próximo destino – dessau!


ficamos em casa de uma médica húngara, que está na alemanha há 3 meses. a ideia que temos dos alemães, não é diferente da ideia que ela e o seu amigo, também médico, que é do kosovo. eles apenas estão no país para ganhar dinheiro, pois falam do pior acerca dele! da simpatia dos alemães que é nula, do rígido horário e sempre preocupados com as horas, da individualidade deles no trabalho, das mensagens que outros médicos deixam nas suas secretárias para dizer algo que não está correcto, pois são incapazes de irem ter com as pessoas e dizer o que está mal… passamos um bom momento a rir-nos com essas coisas!

dessau é… como posso dizer… é feio, pronto! sabíamos que não iríamos ver uma bela cidade. só tínhamos um objectivo: ver a bauhaus! ambos estudamos um pouco sobre a bauhaus. claro que é boa a sensação de entrar num edifício onde nunca pensei entrar e aprender um pouco mais é sempre bom e, aprender no “terreno”, ainda melhor! quem não tiver interessado em ver ao vivo a bauhaus, não escolham dessau como ponto a visitar!


noites dormidas em dessau – duas! próximo destino- berlim!


acordamos prontos para partir e para ficarmos não sabíamos onde. ir directamente para Berlim seria de doidos pois seriam mais de 130kms. pedimos à bernardete (não é assim, mas soa assim) para escrever em alemão “precisamos de um sítio seguro para dormir”. escrevi em três folhas de papel a mensagem que suava assim “wir brauchen einen platz zum schlafen”. não tínhamos sítio para ficar, por isso arriscamos a nossa sorte. nessa manhã madrugamos. às 8 da manhã já estávamos a sair. não sei quem nos estava a empurrar, o que sei é que chegamos a berlim sem grandes “ais”. foram 136 kms, novo record! será que vale a pena dizer que nunca mais vamos tentar batê-lo?

berlim é realmente diferente, apesar de ser uma grande cidade, gostamos do que vimos e apesar de ser capital, foi das capitais mais baratas onde estivemos. ficamos em casa de um português que mora com uma alemã. foram 5 noites de pouco descanso, pois queríamos ver a cidade e à noite jantávamos todos juntos e claro, ir para a cama, era só quando não aguentávamos mais!

é impressionante como é que berlim foi dividida por um muro que separava a parte ocidental da oriental, estando por sua vez, em território da parte leste. mesmo aí, aquando da queda do muro, as diferenças entre as duas alemanhas eram gritantes e berlim, que era então a capital da república democrática alemã – a parte comunista – era extremamente pobre. conseguimos ver bocados do muro, e é muito estranho imaginar que há 20 anos, a cidade estava toda dividida. entramos no museu judaico e passamos lá toda a tarde e não vimos tudo… e conhecemos alguns squats, onde fomos comer por quase nada…

é preciso muito tempo para conhecer berlim, pois é tão grande e se não sabemos onde estão os pequenos sítios interessantes, podemos andar às voltas, sem nada ver…


noites dormidas em Berlim – 5! próximo destino – frankfurt (oder)


e cá estamos na última terra da alemanha! estamos a 2kms da polónia! estamos uns profissionais no ciclismo! 100kms para somar aos outros todos! não vimos nada da cidade mas vamos dormir numa casa onde conhecemos 4 raparigas que cá moram mas, como estão em época de exames, não deu para ficar noite fora na conversa.

ufa, terminei! tenho de tentar escrever mais vezes para não acumular cidades! amanhã estaremos na polónia!!!

Um comentário:

xistacio disse...

O GAIJO ESTÁ PENTEADO NAS FOTOS!!!!
Obrigado

hum... que bom

pedaços de mim