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16.4.09

15 de abril - que esticão!

tinha dito que seria incapaz de voltar a fazer 100kms, que eramos doidos, que de zamora até valladolid teria de ser feita em duas viagens! preferia acampar do que me matar!
tínhamos de sair do albergue até às 9h, assim fomos obrigados a levantar-nos mais cedo, e ver os hábitos de acordar de cada pessoa. o pequeno almoço foi acompanhado com uma pequena conversa com um espanhol que estava a fazer a via de la plata, também de bicicleta. fomos os últimos a sair do albergue e cada um pegou nas suas bicicletas e seguimos diferentes caminhos.
saimos de zamora em direcção a valladolid mas a intenção era pernoitar em algum sítio. o caminho era tranquilo, mas sempre monótono. os kms passavam bem, sentia-me em forma e estava a adorar a sensação de calma. estávamos a começar bem até que o meu rabo começou a queixar-se! o lauroderme não faz milagres e o desconforto é cada vez maior! tentava não pensar na dor mas era cada vez mais complicado pois parecia que estava sem sangue no rabo e passava para a coxa esquerda... tinha de me levantar e voltar a sentar. e o voltar a sentar? ai mãe!... tirando isso o caminho era do melhor! ia à frente e o rafael ia ao meu ritmo mas, quando olho para trás, vejo-o já fora da estrada, olho para a frente para travar e quando novamente olho para trás, lá está ele caido no chão! muito me ri! a sorte é que era pequena a ribanceira e ele não se maguou. altura ideal para fazer um pequeno video. o cheiro não era nada agradável pois estavamos mesmo em frente a uma estrebaria. e assim fizemos uma pequena pausa forçada, a qual o meu rabo agradeceu!
de volta à grande recta (qual estrada do texas!) e a vista era semelhante, os grilos sempre a acompanhar-nos, os grandes campos, e alguns animais mortos na berma da estrada... queriamos fazer o máximo de kms antes de almoçar para depois ser mais tranquilo e como os 50 kms foram bem passados desidimos almoçar em tordesillas que precisavamos de pedalar apenas mais 10 kms mais coisa menos coisa). se não fosse o rabo, tudo seria perfeito e até falamos na possibilidade de pedalar até valladolid. vamos indo e vamos vendo. mas a ideia de tomar um banho quente e ficar três dias a descansar fazia com que quisesse chegar rápido lá sem parar para acampar. almoçando em tordesillas só precisavamos de fazer mais 40 kms. não nos assusta!
paramos para comer qualquer coisinha, já que ainda faltava alguns kms para almoçar. ficamos numas bombas de gasolina que se encontravam fora de serviço. eram desesperantes as dores no rabo e o cansaço nas pernas não perdoava. conseguimos enganar o estômago com uma sande de batatas fritas e o resto do leite achocolatado.
depressa chegamos a tordesillas e escolhemos um sítio ao sol para comer a famosa massa com queijo no seu interior. agora só faltava 40 kms e se fossem iguais ao que já percorremos seria uma maravilha! 40 kms não é muito mas quando esses são acumulados a outros muitos kms, esses miseráveis 40 são terríveis! pedir indicações a espanhóis não é sempre boa ideia pois mandam-nos sempre pela auto-estrada... fomos obrigados a fazer o caminho contrário quando à nossa frente se encontrava a placa da auto-estrada... tivemos de voltar para trás e seguir pelo caminho destinado às bicicletas. já estava a ficar muito cansada... e nada ajudou quando começaram a cair as pequenas pingas que se transformaram em granizo e depois do graniso foi chuva intensa que nunca mais parava! posso dizer que estava toda equipada, protegida da chuva dos pés à cabeça!
pedimos mais informações e lá seguimos caminho. mais uma vez esse caminho seria perfeito se pudessemos seguir pela auto-estrada! tinhamos de voltar mais uma vez para trás mas desta vez tinhamos de subir... e não era assim tão curto o caminho! vejo o rafael a parar e a sorrir. boa coisa não era, de certeza... tinha um caminho em terra batida que seguia junto à auto-estrada, mas eu não queria arriscar pois estava com medo de ser obrigada a voltar mais uma vez para trás. mandamos parar um carro e perguntamos se aquele caminho de terra batida seguia para valladolid. a resposta foi positiva e agora sim, estava convencida. pedalamos na terra batida, vendo os carro ao nosso lado esquerdo a mais de 120 kms/h!
os últimos kms são sempre os piores. o estar quase, o pensar no banho, o querer comer de tudo... mas ainda falta algum tempo até pudermos disfrutar destes prazeres tão banais. já viamos valladolid, cidade onde iríamos descansar uns dias! entramos na confusão, paravamos nos semáforos, íamos perguntando pela rua onde íriamos ficar. o meu joelho esquerdo não estava nos seus melhores dias mas não dei muita importância. finalmente encontramos a rua e o prédio, agora só tinhamos de subir com tudo o que era nosso até ao 10º andar, tarefa não muito fácil. o paulo, amigo do rafael, acolheu-nos no apartamento onde vive com mais três pessoas. ele ainda não se encontrava em casa mas a porta abriu-se com simpatia. a pilar mostrou-nos a casa e as duas toalhas que o paulo tinha deixado para nós e no meio delas, uma caixinha roxa com amêndoas de chocolate! poucos minutos depois, o paulo chegou! ficamos no quarto dele com uma janela enorme com vista para a cidade, deixou-nos comida à disposição e fez-nos companhia até à hora de jantar. sinto-me num hotel 5 estrelas!
o meu joelho estava pior, bem pior! não conseguia caminhar, nem pousar o pé no chão, não conseguia esticar nem dobrar a perna, havia apenas uma posição, não muito dobrado nem muito esticado, portanto. depois do tratamento ao joelho, senti-me como um enorme pau de incenso, a espalhar um aroma de picalmo (um spray analgésico).
depois do jantar fomos para a nossa suite, onde tentava lembrar-me do dia anterior para escrever no blog, e posso dizer que é uma ginástica mental muito complicada...
depressa me deitei com as dores insuportáveis no joelho e depressa a dor passou por ter adormecido.

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