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27.9.09

chulos em viagem

há quem nos chame de "chulos"... e esta semana até nos rimos com algumas situações e reconhecemos a nossa quota parte de chulice. não percorremos muitos kms na macedónia, não vimos muito do país mas dentro do peito já existe um pequeno aperto de saudade! o que tornou este país tão especial? sem dúvida, a sua gente! a primeira cidade escolhida foi struga. seria difícil pedir para acampar pois a cidade não é assim tão pequena. estávamos cansados e queríamos mimar-nos! fomos a procura de um hotel. eu guardava as bicicletas e o rafael entrava nos hotéis... 35 euros que pediram no primeiro... pois, era impossível pagarmos esse valor, mas não sei que choradinho fez o rafael mas quando virou costas, ela disse:
- pronto, se não encontrarem mais barato, eu faço por 20 euros.
maravilha! não encontramos mais barato e voltamos para pagar os 20 euros! só quando entramos no quarto e vimos o luxo, é que reparamos que estávamos num hotel 4 estrelas! como é bom tomar uma banho quente e estender o corpo numa bela cama! sim, sentimo-nos uns verdadeiros chulos!
as montanhas reduziram de tamanho, o que nos agradou imenso mas, nesse dia, parecia que tinham escondido pedras nos nossos atrelados... ou as pernas estavam pêrras... o rafael queixava-se, eu queixava-me... íamos pedalando sem grande entusiasmo... parou uma carrinha à minha frente e o rafael diz:
- deve ser a nossa boleia.
- pediste? - perguntei muito admirada.

- claro!
(novo momento para se expressarem. pode ser com a palavra "chulos") entramos na carrinha e sentei-me num tronco de m árvore que fazia de banca, com uma almofada, para ser mais fofinho para o meu rabiote. é certo que havia certos toques nas minhas pernas quando o senhor metia as mudanças, mas logo a seguir, fazia uma expressão que mostrava que pedia desculpas. bela boleia de 50 kms!
ficamos numa bomba de gasolina e como era cedo, decidimos fazem mais uns quantos kms.
a segunda cidade escolhida para dormir, assim por acaso, foi prilep. não porque a queríamos visitar mas porque estávamos cansados e pedalar mais não fazia parte dos nossos planos. tentamos a nossa sorte e perguntávamos a jovens se sabiam de algum sítio onde pudéssemos montar a tenda. não tivemos muita sorte... dormir num hotel estava fora de questão! fomos mandados parar por uma pessoa de idade que queria ajudar-nos mas não falava uma palavra em inglês... veio outra pessoa, também esta de idade e também esta sem falar nada de inglês... não estávamos a perceber nada e penso que eles também não. apareceu um rapaz, que depois de umas quantos traduções, disse-nos para seguir os senhores pois eles iam arranjar um sítio para passarmos a noite. ambos os senhores montaram nas suas bicicletas e lá fomos nós atrás deles... muito lentamente...
chegamos a um estaleiro de madeiras! olhamos um para o outro e torcemos o nariz.

- onde é que vamos dormir? - pensei eu.
-onde está a relva para montarmos a tenda? - perguntou o rafael... mas qual relva. seri
a incapaz de recusar a ajuda daqueles dois senhores. aliás, três, pois apareceu outro que tinha o seu cantinho no estaleiro, onde dormia, comia, via televisão e bebia muito. todos nós olhávamos à volta na esperança de encontrar um espaço para a colocar. resultado: montamos a tenda dentro de uma casa em construção, sem janelas, sem nada, apenas com as paredes em tijolo em pé! perfeito! os três senhores reduziram-se a dois, e foi com eles que passamos uma das melhores noites! eu sentia-me uma princesa! o rafael não me podia dar pão com côdea que os senhores ficavam ofendidos! ele tinha de me dar pão fofinho! o jantar foi preparado por eles: salada de tomate, pimentos com sal, tomate cortado com sal e pão! parece pouco mas encheu bem o estômago. passamos a noite sempre na conversa, sim, mesmo sem falar a mesma língua, conseguimos passar uma noite agradável e com muito riso! no dia seguinte, o café esperava por nós, assim como um saco com tomates e chilis! (ouvi algum a chamar-nos chulos?) paramos numa mercearia para o pequeno-almoço e quando a senhora soube que éramos portugueses, o sorriso triplicou! quis saber a nossa história e sempre que alguém entrava na mercearia, dizia em voz alta de onde éramos e como chegamos até à macedónia!
- aah! - diziam quando nos olhavam.
estávamos nós a terminar o pequeno-almoço, quando ela nos presenteia com um bolo para cada um!
- querem um café?

já tínhamos tomado... tivemos de agradecer pelos bolos, mas o café teria de ficar para outra altura. (agora todos juntos: chuuulos! muito bem)
tínhamos casa em veles, a casa do ace. como seria desta vez o nosso anfitrião? o melhor é não pensar e chegar depressa até lá! chegamos sem grandes problemas. chuveu no caminho e tivemos de parar por baixo de uma ponte onde aproveitamos para comer um tomate com sal... conhecemos o ace e naquele momento soubemos que iríamos ficar mais do que uma noite. queríamos passar uns dias a descansar e assim foi. no dia seguinte passeamo-nos os três pela cidade que nos agradou! supostamente é uma das cinco maiores cidades da macedónia mas não deixa de ser uma cidade pequena, comparando com as nossas. não nos oferece grande coisa para ver mas fomos até à parte velha da cidade, que fica no cimo do monte e daí, podemos ver a cidade! no outro dia, não saímos de casa... dormimos e actualizamos algumas coisas na internet. foram dias de descanso com um anfitrião cinco estrelas que nos fez conhecer um pouco mais da macedónia.
- para sair de
veles, têm de atravessar aquela montanha e depois é sempre plano. - disse-nos ele. estávamos em direcção à fronteira mas não seria nesse dia que a atravessaríamos. pois o dia começou com a tal subida e depois, quando estava eu a descer a alta velocidade, ouço o rafael a gritar o meu nome desesperadamente. ok, não foi bem desesperadamente mas estava lá perto. tinha ficado uma vespa presa entre os seus lábios e claro, foi picado... não me lembro da dor de uma picada de vespa, mas pela reacção dele, deve doer bastante! olhei para o seu lábio e estava lá o ferrão da malvada! para continuar bem o dia, o rafael voltou a interromper as minhas boas pedaladas! um furo! não não era um simples furo... era um furo e um rasgão! ficamos mais 3 de horas ao sol a tentar remendar, sem sucesso, aquela dor de cabeça! estávamos com fome e sem saber o que fazer... ir até à próxima cidade que fica a 15 kms? iria estragar o pneu todo... podíamos tentar apanhar boleia, mas era domingo e não passava nenhuma carrinha. estávamos chateados! decidimos voltar para trás para as bombas de gasolina que tínhamos passado há 1 km atrás (pensávamos nós que seria apenas 1 km). já estávamos nos 4 kms percorridos quando o rafael pediu boleia mas a carrinha só parou ao meu pedido, que estava bem mais atrás. terá sido por ser menina? não quero saber! tínhamos sido salvos! os chulos foram salvos! poucos quilómetros à frente, a polícia mandou parar... a carrinha era de dois lugares e nós estávamos sentados no chão, junto das nossas bicicletas. tentamos explicar o nosso problema e ele deixou-nos seguir, explicando aos senhores onde nos podiam deixar para podermos comprar uma câmara-de-ar. foram 15 kms até stip. compramos o que precisávamos e os senhores só voltaram para o seu caminho, quando já estávamos montados nas bicicletas. o nosso dia ainda não tinha acabado... não tínhamos sítio para dormir e já estava a ficar noite...
- o ace conhece aqui alguém! - dito isto, o rafael telefona para ele e conseguimos sítio para passar a noite! grande ace!!! só tínhamos de encontrar a casa. perguntamos a um taxista pela rua, e quem nos ajudou foi um senhor que se prontificou em levar-nos até lá! é difícil seguir um carro, de bicicleta, então quando o caminho é quase todo a subir... chegamos à rua e ele fez questão em telefonar para o nosso novo anfitrião e só se despediu de nós quando ele chegou! pois é, aqui as pessoas são assim!
ele chamasse darko e fala pouco inglês... chegamos à casa com mais um furo no meu atrelado... deixamos o furo para o dia seguinte. só queríamos entrar em casa e descansar! conhecemos a mãe dele! que senhora querida e simpática e generosa e... ganhei muitos abraços! o darko dizia várias vezes que a sua mãe estava muito feliz por estarmos lá em casa!
voltamos a rir às gargalhadas e tínhamos de limpar as lágrimas de tanto rir! ria-mo-nos com as mímicas da senhora para nos explicar alguma coisa, ria-mo-nos quando ela punha os óculos que estavam tortos e o olho dela ficava do tamanho da lente gigante! fico contente por termos recheado aquela casa com alguma vida. para nós foi uma noite diferente e sei que para eles também foi e fico contente por isso!
delcevo, foi o último sítio onde ficamos na macedónia. já estava de noite e seria impossível continuar mais tempo. novamente sem sítio para ficar mas como somos os verdadeiros chulos, não estávamos preocupados com isso! estavam três senhoras na rua, as nossas presas! falamos com elas, com mímica, claro e em poucos minutos, já estávamos a seguir uma delas! levou-nos a uma rapariga que falava inglês. resumindo a história: não dormimos na tenda, ao frio. ela abriu a porta de uma casa em construção - quase concluída - abriu a porta de um quarto e disse:
- podem dormir aqui!

ficamos pasmados a olhar um para o outro... até tivemos vontade de dar uns pulinhos de alegria! duas camas com lençóis e uma televisão. tínhamos um fogão onde cozinhamos e tínhamos luz! água é que não mas que importância tinha isso?
passamos a noite sozinhos e aproveitamos para ver um filme, já que há mais de 5 meses que não o fazíamos! acordamos e a rapariga já estava à nossa espera lá fora. veio convidar-nos para tomar café na casa dos seus pais. claro que aceitamos o convite! saímos de lá com um saco cheio de pepinos e pêras e um frasco de aivar, que é óptimo! uma receita local feita de pimentos vermelhos e tomate. quantas vezes já nos chamaram de chulos? os últimos kms na macedónia foram a subir... uma hora e vinte minutos a subir... até doeu! chegamos à fronteira e o polícia da macedónia, sem mais nem menos disse:
- espero que voltem à macedónia!

foi a primeira vez que nos disseram isso numa fronteira. disse-nos aquilo com um sorriso sincero e isso a nós só nos encheu mais o coração! e pronto! só podemos falar bem deste país! fomos tão bem acolhidos e só queremos voltar! e as notas, são as mais bonitas!!! Itálico

26.9.09


café do mundo

cafés do mundo

cafés do mundo


sinto-me uma tia virtual





como posso explicar ao meu super herói de 4 anos, que a tia não está em casa?...
ouvi-lo dizer "eu queria ir a casa da tia, visita-la." deu-me cá um aperto no coração...






(foto do rui ruivo - o mano)

25.9.09

quem ainda não comprou?



quem é que em portugal, ainda não tem as nossas t-shirt? é que na polónia, já andam connosco ao peito, até a mela, decorou a sua coleira!



sobre uma roda

24.9.09



posso ainda ser um pouco maria rapaz mas tenho sonhos de menina...


19.9.09

era uma vez...

era uma vez... eu e ele, nós os dois, juntos pela europa, querendo percorrer o mundo e ser realmente 2numundo! entramos na albânia com muita curiosidade em atravessa-la! como por magia, parecia que tínhamos saída da europa.
- parece que estamos na índia - disse ele. uma índia mais limpa e mais organizada.
ainda não chegamos ao continente asiático, mas este país da europa é realmente sujo, desorganizado e caótico!... mas gostamos dessa confusão que nos preenchia a cabeça e os olhos e pedalávamos com um sorriso nos lábios e com os olhos esbugalhados a absorver toda a informação possível! já estávamos a viajar há 5 meses e pela primeira vez, sentimos o choque das diferenças! são estas diferenças que procuramos. o sorriso aumentou quando nos encontramos numa pequena aldeia (suja, com 2 meninos a brincar numa lixeira), onde um grupo de crianças nos mandou parar.

- vinde a mim as criancinhas! tão lindas! tantas! - pensei eu.
depressa o meu sorriso desapareceu... depressa as crianças se transformaram em pequenas pestes, em pequenos bichos selvagens, tentando tirar tudo o que podiam das
bicicletas, mas sem sucesso. o rafael já estava com cara de poucos amigos e eu já gritava com as pestes! pés ao pedal e fugimos o mais rápido possível daquela pequena selva... foi quando sentimos que estávamos a salvo, longe dos olhares das criancinhas... que paramos, olhamos um para o outro e os risos fizeram-se sentir! não éramos nós que queríamos novas experiências? pronto, tivemos uma nova! agora, sempre que avistamos criancinhas ao longe, a mandar parar, não paramos e se tentarem meter-se à frente, o mais certo é serem atropeladas, sem pena e sem piedade! continuamos o caminho, contentes, pois sabíamos que no próximo destino, teríamos uma pessoa à nossa espera, com uma cama, um banho quente e só pensávamos:
- vamos lavar a nossa roupinha que cheira tão mal!
estávamos perto de
shkoder, onde iríamos ficar mas, antes de atravessar a velha ponte de madeira, tivemos de passar por um bairro muito pobre, muito sujo, com barracas em vez de casas... do outro lado da ponte, a pobreza continuava, mas longe de ser como aquilo que tínhamos visto... as crianças baloiçavam-se em baloiços improvisados nas placas de sinalização.
estávamos curiosos para saber quem seria o novo anfitrião, deste novo país tão diferente. ficamos à espera no local combinado. quase que não segurava as gargalhadas, quando vi um rapaz a olhar para mim com o olhar ridiculamente sedutor, rodando o maço de tabaco na mesa.
tinha de disfarçar e olhar para as bicicletas, ver se estava tudo bem com elas...
as pessoas iam passando e tentávamos adivinhar quem seria ele... o tal... o anfitrião!

- é aquele. - dizia o rafael.

- que horror! não, por favor. - respondia eu.

o tempo passava e ele não chegava e a curiosidade aumentava. decidimos telefonar:
- estamos aqui à tua espera.

- demoro dez minutos - disse ele
.
o diálogo foi bem mais comprido e claro, em inglês. sentamo-nos num café e esperamos. foi nesse momento, no momento da espera, que ele chegou. é difícil dizer a idade... parece uma criança que gosta de parecer um adulto. eu pouco falei com ele pois não estava a gostar da sua conversa... as suas palavras eram mais ou menos assim:
- há um pequeno problema... não podem ficar em minha casa... mas eu conheço um hostel muito
barato... era chato enviar-vos uma mensagem a dizer que já não dava para ficarem em minha casa...
- não há problema... não me iria sentir bem em tua casa - pensei. pensei apenas...
ele continuou:
- eu também tinha o sonho de ser actor, mas não podemos seguir apenas os sonhos, escolhi estudar direito para poder ser alguém na vida, com dinheiro. sabem como é...
- não, não sei... não estou a perceber o que queres dizer. ah! queres um alto carrão, uma casa de três andares com piscina? e já agora, uma massagista com um quarto lá em casa? - pensei novamente.
foi apenas um pensamento. a conversa já me estava a irritar...

- ah, outra coisa. - continuou ele. tenho de vos avisar que sou muito importante aqui. como estou ligado à política, sou muito conhecido, por isso não se admirem das pessoas me cumprimentarem.

- ai, o paleio estragado... não consegues ser um pouco mais humilde? um pouco mais simples? - foi apenas outro pensamento.
o tempo passava e a conversa não mudava. fomos até ao hostel e no caminho para lá, uma pessoa cumprimentou-o.
- eu avisei que era muito famoso aqui...
jurei para mim mesmo, que se ele continuasse com a conversa da fama, iria interrompê-lo dizendo:

- não te preocupes, eu sei o que isso é. eu também sou bastante famosa, mas não é só na minha terra, é em todo o país, pois sou uma grande actriz e todos querem falar um pouco comigo. no fim dos espectáculos, tenho de sair rápido e às escondidas porque as pessoas entram em euforia...
com muita pena minha, ele não voltou a falar sobre a sua fama...

ficou combinado encontrar-mo-nos para jantar e passar a noite juntos mas ele não apareceu nem disse mais nada...
assim passeamos sozinhos, jantamos sozinhos e não sentimos saudades da vedeta. para nós, ele não era importante! sentamo-nos numa esplanada quando reparamos num casal de turistas. foram os primeiros turistas que vimos na albânia! minutos depois, passaram novamente e o rafael pergunta:
- são portugueses?

resposta positiva! sentaram-se e assim passamos a noite na conversa!

quando saímos de
shkoder não sabíamos bem se subiríamos, se atravessaríamos directamente o país ou se iríamos até a capital, tirana, e de lá atravessaríamos o país até à macedónia. optámos em atravessa-lo sem passar pela capital. ficamos a dormir no exterior de um bar em construção. o dono deu-nos autorização! agradecemos muito! nessa noite o vento soprava forte, fazendo com que acordássemos várias vezes para segurar a tenda como se fosse possível ela voar connosco lá dentro... mas o vento assustava-nos.

retomamos o caminho, mas depressa paramos para tomar o pequeno-almoço. foi nesse pequeno-almoço que decidimos mudar a rota e passar pela capital, pois um senhor alertou-nos para o mau estado do caminho. assim, voltamos para trás, e regressamos à estrada cheia de camiões, cheia de confusão... tivemos de nos transformar em heróis para conseguir sobreviver nas estradas onde apenas heróis conduzem. são heróis sem capacete, sem cinto de segurança, sem respeito pelos outros... decidimos ser doidos e colocar o capacete! com o capacete posto, estávamos prontos e foi o "salve-se quem poder" e acompanhados com o grito de guerra:
- aí vai aço!
quem acha que existe trânsito em lisboa ou
porto? não há trânsito lá! os carros deslizam em harmonia e buzinam apenas para se cumprimentarem.
mas que confusão para entrar em tirana! segui um senhor que se prontificou a ajudar-nos. chegamos são e salvos ao centro da capital e fomos à procura do hotel mais barato!
saímos à noite e ficamos admirados com a quantidade de pessoas que se passeavam nas ruas. ficamos também admirados com a quantidade de raparigas bonitas. quem disse que as raparigas da polónia eram as mais bonitas? essas pessoas terão de visitar a albânia, agora que elas se encontram sem lenços a cobri-las! foi preciso sair da capital para nos sentirmos mais perto das pessoas. passamos a última noite numa pequena terra e com a ajuda de uma rapariga, conseguimos ficar num grande terreno junto ao rio. começamos a montar a tenda quando apareceu um senhor que não sabia uma palavra de inglês. ele falava e nos nada percebíamos... o senhor começou a rezar. seria uma reza? pensamos que sim, tínhamos quase a certeza que seria uma reza. estaríamos abençoados agora? o senhor virou costas e foi à sua vida.


aproximaram-se umas crianças... ui, ui... uma menina, dois meninos e um menino ainda mais pequeno. tentamos ignorar aquelas crianças, mas elas aproximavam-se cada vez mais e a menina começou a falar connosco. começaram a dar atenção às suas palavras em inglês. um inglês tímido mas impressionante. ficamos rendidos àquela menina de 12 anos, que sonha em visitar paris e a torre eiffel. era muito educada e querida. foram-se embora e não voltaram mais... com muita pena nossa... desgraça das desgraças! queríamos preparar o jantar quando reparamos que não tínhamos mais gás... decidimos fazer uma fogueira e tive de ensinar ao rafael como se fazia. só tínhamos massa, soja e uma mini cebola... quando a massa estava na fogueira, o senhor voltou. olhou para a fogueira e sorriu dizendo:
- super!

dos bolsos dele, nasciam figos, pepinos, pimentos, nozes... e assim conseguimos preparar uma bela comida... mas um pouco queimada... fomos para a tenda com o coração preenchido de coisas boas! a manhã despertou e despertamos com a menina no pensamento. decidimos passar na sua escola para poderemos trocar contactos e não lhe perder o rasto! e assim foi. a escola ficava na cidade seguinte e essa cidade estava no nosso trajecto. chegamos à escola e não foi difícil encontra-la! foi tão bom ver a sua alegria por estarmos lá! foi uma grande surpresa para ela! trocamos moradas e despedimo-nos uma vez mais. voltamos para as bicicletas e dissemos adeus a todos os meninos que acenavam. estávamos perto da fronteira com a macedónia mas foi preciso subir uma enorme montanha. a subida foi feita a brincar! terá sido por causa da bebida energética que bebemos? e assim subimos e descemos, deixando para trás a albânia, onde nos sentimos bem com as bicicletas, uma azul e a outra amarela.


férias em montenegro

montenegro! passamos poucos dias no país mas ficamos com boas recordações! a nossa primeira paragem foi perto de kotor. chegar até lá foi uma luta por causa do vento... esse não tinha acalmado, o que dificultava o percurso. ganhamos mais energia quando, ao entrar num novo país, notamos que os preços eram bem mais baixos! ficamos num parque de campismo caseiro, onde a água do banho era fria mas o preço para passar lá noite, era aliciante. apanhamos um pequeno transporte público e fomos, por um euro cada, até kotor, seguindo sempre a estrada estreita ao longo do mar que entra pelas enormes montanhas, formando um t. a cidade tem o seu centro histórico classificado pela unesco como património mundial. é realmente bonito, entrar dentro das muralhas e passearmo-nos pelas suas estreitas ruas não muito turísticas. as suas casas não se encontram em tão bom estado como encontramos na croácia, mas não foi por causa disso que deixamos de apreciar a cidade e reparar que por lá passou um português! estamos em todo o lado, é verdade! qual foi o nosso espanto quando vimos colado numa caleira, um autocolante com as seguintes palavras: "justiça para o boavista".
vale a pena passar por kotor e subir até ao topo, coisa que não fizemos mas acreditamos que seja muito bonito! saímos do parque de campismo e retomamos o nosso caminho, pensando que desta vez o vento estaria nas nossa costas pois iríamos mudar de direcção... mentira!!! o vento, também ele mudou de direcção! que nervos! o caminho foi horrível! o vento era ridiculamente forte, as subidas não paravam e quando descíamos, tínhamos de pedalar segurando com firmeza o guiador e muitas vezes parei, com medo de ser empurrada para a ribanceira... paramos para almoçar e já estava cansada... foi quando paramos que apareceram duas ciclistas, e uma delas reconhecemos ao longe! como o mundo é pequeno! era a rapariga que conhecemos na polónia em wroclaw! ela e uma amiga estavam a percorrer montenegro mas em sentido contrário (com o vento nas costas, pois claro! meninas!!!). almoçamos e retomamos caminho. foi a pior decisão... porque não ficamos naquele sítio?... o vento estava cada vez mais violento e eu estava cada vez mais nervosa! perdi a paciência, gritei com o vento cheia de raiva e com as lágrimas nos olhos! a noite estava perto e estávamos longe de tudo mas quando paramos, sem sabermos onde estávamos, disse que não fazia mais kms, nem sair no dia seguinte estava nos meus planos! descobrimos um parque onde dormimos por 3 euros cada. foi o sítio mais surreal que tivemos até agora! barracas de um lado e outro, com palmeiras pirosas a darem a sua graça. o banho era com água fria e as casas de banho eram as mais sujas, mas ficamos 3 noites, rodeados por famílias sérvias que nos convidavam constantemente para um café! foram umas pequenas férias no sítio mais engraçado e piroso... num sítio pobre mas com a intenção de parecer rico... esta praia tem o nome de canj! a não perder!!! saímos das nossas mini férias e fomos em direcção à albânia! desta vez, sem vento!!!

"we can be prince and princess in my dream and we're dancing through the evening 'til the morning."

the divine comedy



e em portugal, quem nós irá oferecer uma casa e um banho com água quente? entramos em vila real de santo antónio e seguiremos até ovar. façam-nos a rota de camas!


mas como é possível, depois de 7.500kms e muitos litros de água, ainda ter celulite e o mesmo tamanho de rabo??? afinal o que se deve fazer para ter uma pele sem casca de laranja?


os nervinhos


16.9.09


também acontece...


um paraíso infernal

como foi bom entrar na croácia! o rafael já tinha lá estado e ver as fotografias só me faziam sonhar em ir até lá! não disfarcei o meu entusiasmo ao passar a fronteira! sentia uma grande alegria mas essa alegria desapareceu quando encontrei as montanhas… é muito bonito querermos chegar depressa à praia, pois o calor é muito e queremos ficar uns dias parados no mesmo sítio, mas não me lembrei que a croácia está cheia de montanhas e estamos no verão. o facto de existirem montanhas, torna a paisagem muito mais bonita, mas isso não simplifica o caminho. os litros de água são muitos e até uma paragem nas bombas de gasolina para nos molharmos com a mangueira, foi feita. ainda não chegamos ao mar, mas estamos cada vez mais perto.

a primeira noite foi passada em cakovec, em casa da família do robert. aproveitamos para descansar, depois dos 111kms percorridos. desejei ficar mais um dia mas a pressa de chegar até zagreb era muita, por isso, mesmo sentido as pernas pesadas, lá fomos nós, com o número de telemóvel do ivan (amigo da prima do robert… ufa)

“afinal, a croácia não é assim tão montanhosa” pensei eu, no caminho para zagreb. mas chegar até a casa do ivan já foi outra história… estávamos cansados dos dias acumulados e chegar a uma capital, com muita informação, muitos carros, sem pista para bicicletas, tornasse muito mais cansativo. tudo me enervava e só desejava chegar rápido a casa, tomar um banho e não mais sair!

adoramos zagreb! cidade com um ambiente fantástico, com uma vida relaxada que, à primeira vista, não parece pertencer a uma normal capital europeia. pequenas ruas, e cafés para todos os gostos. não encontramos muita movimentação, pois a cidade “morre” um pouco no verão mas isso não nos incomodou muito! aproveitamos para descansar e visitar a cidade com calma, com o ivan e o seu amigo victor, sem nos obrigarmos em ver tudo. parávamos em esplanadas para uma cerveja ou suminho. sentíamo-nos em casa, sentíamo-nos bem mas depois da segunda noite bem dormida, tivemos de preparar as bicicletas e fazermo-nos à estrada, desta vez, sem saber onde iríamos ficar… queríamos chegar o mais rápido à costa e assim rompemos com a promessa de apenas fazermos 50 quilómetros por dia.

tínhamos o famoso papel para pedir autorização para montar a tenda no jardim e assim uma família acolheu-nos no seu quintal mas não uma família qualquer… temos a certeza que são das famílias mais bondosas daquelas redondezas! insistiram que fossemos dormir dentro de casa, mas preferimos passar a noite lá fora. pararam de trabalhar para se sentarem à mesa connosco, depois de terem preparado o café. sentados, contamos a nossa viagem, provocando neles uma grande admiração levando, a cada palavra, as mãos à cabeça. queriam saber se precisávamos de alguma coisa. não valia a pena dizer que não, pois apareciam sempre com novas coisas para nos oferecerem e, no meio delas, uns novos calções. depois de preparado, jantamos todos juntos por entre histórias passadas e presentes. rimo-nos às gargalhadas como há muito não nos riamos! na despedidas já não houve gargalhadas… o sorriso mantinha-se assim como uma lágrima em nós. tivemos de fugir de lá antes que desatássemos a chorar compulsivamente com direito a ranho e tudo… obrigada! foram fantásticos e sentimos saudades!!!

saímos em direcção a slunj, para vermos as cascatas e tínhamos como destino final, o parque natural plitvicka jezera. as fotografias das cascatas eram aliciantes! aliciante não foi o preço que pediram para pode vê-las ao vivo… é ridículo pagar para ver natureza. fomos obrigados a ficar num parque de campismo a pagar forte e feio… como detesto pagar para dormir ainda por cima sem condições! a paisagem, essa sim, era das mais lindas! estávamos rodeados de grandes montanhas!!! lindo! o que não era lindo era saber que para sair dali teríamos de atravessar duas montanhas com 1000 metros e com o imenso calor que se fazia sentir… mas como explicar a nossa emoção quando avistamos pela primeira vez o adriático? voltamos a não cumprir a promessa dos 50 kms por dia… queríamos mergulhar rápido no mar e sentir a sua água salgada!mas que dia duro!!! o calor era imenso, o corpo escorria, e não conseguíamos ultrapassar os 7km/h. as montanhas são muito bonitas, tivemos das paisagens mais bonitas desta viagem mas também digo que foi das mais difíceis!!! mas se não fosse assim tão difícil, nunca teríamos sentido o que sentimos quando avistamos o adriático! como utilizar as palavras? chegar ao topo, passar por um túnel e ao sair dele ter a visão do mar lá em baixo. era lindo o que tínhamos à nossa frente! a emoção era tanta em termos conseguido chegar até lá que não foi possível esconder as lágrimas que se misturavam com os abraços e os gritos de felicidade! conseguimos! foi duro mas conseguimos e quem chega lá de carro, nunca vai conseguir sentir o que sentimos, disso tenho a certeza!!! essa foi das melhores sensações que tive nesta viagem e não consigo dizer mais nada….

12 kms a descer, era o que tínhamos à nossa frente! descer em direcção ao mar até sentir dores nas mãos de tanto travar e finalmente, o tão esperado mergulho na água transparente! que sonho! nessa altura já sentia o sabor as férias, o corpo nuzinho ao sol, as bicicletas a descansarem numa garagem e nós a bebermos suminhos naturais em esplanadas… estivemos perto disso tudo… começamos as nossas férias dormindo na praia, juntinhos as bicicletas. não foi das melhores noites, pois havia uma festa e não se conseguia dormir com a música e algumas pessoas que passavam por nós e que não eram muito simpáticas… acordamos e decidimos fazer férias noutro sítio. atravessamos para a ilha de pag. continuávamos sem conseguir arranjar anfitriões e no primeiro dia na ilha, desistimos da ideia de estender a tenda num parque de campismo. como era caro! preferimos estendê-la num sítio proibido, bem juntinho ao mar, escondidos por entre a vegetação. há coisas que se complicam quando não temos casa de banho… fazer a depilação com uma gilette na água salgada, não foi das melhores experiências… o que começou por ser divertido, tornou-se enervante e por concluir.

foi nessa praia, que no momento em que estávamos sentados nas rochas, ouvimos “está um calor do cara*#” ao qual, sem pensar, respondi “pois está”. dois portugueses a sentirem o mesmo calor que estávamos a sentir… e assim a conversa começou e confirmamos mais uma vez que é fácil encontrar portugueses em qualquer parte do mundo!

saímos de novalja, onde apenas passamos uma noite e fomos até razanac onde encontramos um campismo baratinho e finalmente duas noites de descanso! a terrinha era pacata, o mar era delicioso, passamos os dias ora a mergulhar, ora estendidos ao sol. saíamos da praia quando já nos sentíamos cansados.

até aqui, parecia tudo perfeito! calor, mergulhos no mar, corpo nuzinho estendido nas pedras, muitos gelados… hum, maravilha! maravilha de pouca duração… croácia foi o país com as mais belas paisagens que passamos! é muito duro pedalar nela, mas somos recompensados, olhando para o adriático e as suas belas montanhas. é um país romântico! mas também tem o outro lado… é muito sujo!!! culpa dos turistas ou das pessoas da terra, não sei… não aposto nas pessoas da terra! só encontramos lixo na berma da estrada! mas no meio desse lixo, ainda conseguimos encontrar um telemóvel! é vergonhoso, um país que quer crescer e que aposta no turismo, seja tão descuidado. a costa, tornasse monótona quando não avistamos o mar. temos muita informação sobre a mesma informação… tudo a alugar quartos e o quintal para montar a tenda. como tudo está a alugar, é impossível pedir para nos deixares montar a tenda gratuitamente… sendo assim, croácia não nos ficou muito barata. ainda fizemos várias vezes campismo selvagem mas os banhos no mar não deixam o corpo limpo… alugar um quarto ou fazer campismo, fez parte da nossa estadia neste país que barato não é!

zadar! realmente muito bonito e realmente muito caro… foi lá que matamos um pouco as saudades de Portugal, estando com três senhoras de ovar que estavam de passagem por lá. de zadar, fomos descendo a costa, parando aqui e ali onde uma ou outra cidade ou monumento nos obrigavam a uma escapadela. passamos por cidades tão conhecidas e turísticas como sibenik, split, primosten, makarska ou dubrovnik mas também por outras pequenas povoações não tão bonitas, mas não menos turísticas.

os lugares para passarem a noite foram escolhidos consoante o cansaço. foi no caminho para dubrovnik que descobrimos o melhor sítio de toda a nossa viagem! uma casa abandonada, ainda no início da sua construção, foi nossa durante uma noite! com praia privativa! a vista é linda e tudo era relaxante! passamos uma das melhores noites!

mais uma cidade bonita. bonita e caro (lá está). pagar 50 euros para duas noites num campismo, foi de doidos, mas merecíamos, pois andávamos a pedalar dias seguidos sem nenhum dia de descanso! dos 17 dias na croácia, apenas descansamos 3 dias… esperávamos umas férias paradisíacas e tudo se transformou num pequeno inferno… muito bonito mas infernal! o corpo estava cansado, o calor era muito, as montanhas não paravam, e o vento começou a atacar com muita violência! chorei num dos dias… verdade… chorei de tão cansada que estava! não tinha forças nas pernas, não consegui subir a mais que 6kms/h, estava chateada comigo, mas o meu corpo não conseguia dar mais… desejava ter dias de descanso mas não foi possível. chegando a dubrovnik, mesmo pagando caro, ficamos duas noites, como forma de despedida da croácia que tanto gostamos, apesar de tê-la feito a fugir. tivemos companhia nesse parque de campismo! apaixonamo-nos por um gato que se apaixonou por nós… seguia-nos e permanecia perto de nós, ora ao colo, ora aos nossos pés. o que fazer quando se entra numa tenda e o gato fica à porta e pede para entrar? deixa-lo entrar, pois claro! e foi assim, dormimos os 3 juntinhos e quentinhos, pois lá fora estava uma grande ventania! no dia seguinte é que custou… dizer adeus ao gatinho foi coisa que não nos agradou. se já estaríamos perto de portugal, tenho a certeza que estaria comigo agora!

e foram assim os nossos dias nesse país que havemos de voltar!


hum... que bom

pedaços de mim