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16.8.09

num piscar de olhos

da áustria, apenas conhecemos o caminho até viena e como sair de lá em direcção à hungria. o caminho não foi dos mais bonitos... muito desinteressante até. percorremo-lo pensando que teríamos de ficar novamente num hostel, pois ninguém nos respondeu a dar uma resposta positiva através do couchsurfng. poucos quilómetros faltavam para chegar ao destino quando decedimos parar para ver, mais uma vez, se tinhamos recebido algo positivo de última hora. valeu a pena essa paragem, pois conseguimos arranjar quem nos alojasse!
ficamos em casa do nikolaus, senhor bastante engraçado que confiou nos meus dotes de cabeleireira e confiou-me o seu cabelo! no meio de toda aquela arquitectura imponente e majestosa, podemos encontrar edíficios do arquitecto, pintor e escultor Friedensreich Hundertwasser, que dá novas cores à cidade. quem se passeia pelas ruas, não fica indiferente ao seu trabalho, e tirar uma fotografia torna-se uma obrigação.
outra obrigação, é
visitar o palácio, onde mais uma vez, nele se fez uma prisão com salas de torturas. o espaço é frio, escuro. por mais que tentemos imaginar, penso que nunca seremos capazes de saber o que lá se passou... fixem este nome: zanoni & zanoni! uma gelataria com gelados xl !!! tão saborosos que dá vontade de ir buscar outro mal acabamos de comer!
para descansar, escolhemos o museum quartier. um espaço entre museus, onde encontramos uma instalação permanente, que são bancos amarelos, cor escolhida neste ano, já que todos os anos são pintados com uma cor diferente.
viena é demasiado grande, e para quem viaja de bicicleta, torna-se cansativo caminhar nela... mas não foi cansativo juntarmo-nos a centenas de pessoas, para percorrer 15 kms, uns de patins, outros de bicicleta, as vias passaram a ser nossas, deixando os carros parados à espera que o "desfile" passasse.
saímos com uma boa
imagem de viena e o nosso anfitrião foi 5 estrelas, deixando-nos passar 3 noites em sua casa!

rápida travessia pela república checa

entramos na república checa sem saber qual seria o nosso destino. queríamos chegar até brno mas sabíamos que não seria num só dia. éramos obrigados a parar a meio! tínhamos duas hipótese: campismo selvagem ou pedir a alguém para montar a tenda no jardim. o mapa mostrava-nos um grande lago, em trebovice, tentador para montar a tenda ao seu lado. ficava no nosso caminho e só tínhamos de pedalar 70 kms. pelo sim pelo não, tinha comigo um papel com as seguintes palavras: "potrebovali bychm misto na span", que foram traduzidas por uma rapariga a quem pedimos ajuda, numa das nossas paragens para atestar os nossos corpos com calorias. por isso é que o rabo não desaparece...
chegamos ao lago e não encontrávamos nenhum sitio seguro para acampar... não havia um espaço acolhedor para nós. decidimos estender o papel e ver o resultado. para mim, estas novas experiências são sempre bem vindas. na pequena aldeia ao lado do lago, encontramos um senhor num grande jardim. saio da bicicleta, encho-me de coragem e lá vou eu imitar a expressão do gato, no filme do schreck. resultou! o senhor sorriu e foi abrir o portão. sabíamos que ia ser difícil aquele fim de tarde, pois falar checo tornasse complicado para nós que só sabemos dizer obrigado e o senhor não sabia dizer obrigado em mais nenhuma língua. conseguimos explicar a nossa viagem com a ajuda da mímica e pedir para ir à casa de banho. o banho foi tomado com pequenos chapiscos pelo corpo, o suficiente para não entrar na tenda com cheiro a pés podres... montamos a tenda e o senhor parecia que queria dizer que nessa noite iria chover... é verdade que sempre que montamos a tenda, acaba por chover, mas o dia estava quente e nada dizia que ia chover.

não nos saía da cabeça que o senhor guardava dois cães numa pocilga, sem luz, com um cheiro nauseabundo e com as malgas vazias (há quantos dias não sei). de volta ao jogo da mímica mas agora com direito a som. "au, au" ou "hufe, hufe" (como latirão os cães na república checa?), ao mesmo tempo que apontava para a relva. depois de várias tentativas consegui que os fosse buscar. os cães estavam com o pêlo gorduroso e um deles, sem pêlos nas orelhas... corriam pelo quintal e vinham brincar connosco. cheiravam mal, mas isso não nos impediu de brincar com eles nem de lhes fazermos uns miminhos. conseguimos oferecer-lhes uma horinha de liberdade, mesmo que tenham apanhado umas palmadas do velhote... não conseguimos, nem tentamos explicar com gestos, que o que ele estava a fazer aqueles cães, era monstruoso. voltaram para a pocilga e nós ficamos sempre com eles na cabeça...

conhecemos o filho, senhor dos seus 40 anos, e tínhamos a esperança de ouvir algumas palavras em inglês. nada... mas pela expressão da sua cara o que nos disse em checo, deveria querer dizer que éramos muito bem vindos!

depois do jantar, achamos melhor entrar na tenda para cedo dormir. despedimo-nos, quando ele voltou a querer dizer que ia chover... sim, sim, pois está bem... mas tínhamos autorização de bater à porta caso uma tempestade se aproximasse.
nunca duvidar da sabedoria dos velhos! eram 23h quando o rafael me acordou, pois eu dormia já profundamente. uma tempestade aproximava-se... víamos o clarão dos relâmpagos e o seu ruído assustador. sacos de cama por baixo do braço e lá fomos bater à porta... entramos e sentamo-nos na sala, onde estava pai e filho a ver uma entrega de prémios musicais. tinha de morder o meu lábio para não me desatar a rir... só queria dormir, mas eles queriam que fizéssemos um pouco de sala. insistiram que bebessemos um sumo com gás que nem eu nem o rafael descobrimos o que poderia ser... o tempo passava e seguia uma musica atrás da outra... mordia com mais forca o lábio quando o filho olhava para nós, com as mãos nos joelhos e costas bem esticadas e com uma pequena inclinação, cantava com voz de criança e com grande sentimento. a entrega de prémios acabou e descobrimos que era uma gravação... pensávamos que já podíamos dormir mas não, tivemos de ouvir o filho a falar de não sei o quê... acenávamos positivamente com a cabeça, como se entendessemos, pois não valia a pena dizer o contrário... achamos melhor voltar para a tenda, pois sabíamos que a conversa não teria fim...

entramos na tenda e tínhamos ganho um colchão de água... a chuva não tinha parado mas encontrava-se mais calma. tentávamos não nos mexer muito para não fazer um furinho... que noite...

acordamos sãos e salvos e tomamos o pequeno almoço, partilhando a comida com o gato e às escondidas fomos dar pão aos cães, que devoraram tudo, num piscar de olhos. saímos depressa do quintal, agradecendo, pois claro, ao senhor, mas sem esquecer o mal que faz àqueles animais...

sabíamos que chegaríamos a brno, mas sabíamos que seriam muitos kms... sabíamos também que, mais uma vez, não tínhamos sítio onde ficar. é mais difícil estender um o papel a pedir para montar a tenda numa cidade cidade e brno é a segunda maior cidade da república checa. decidimos, pela primeira vez, experimentar um hostel. na primeira noite, partilhamos o quarto com mais 3 pessoas e na segunda noite com mais 4, em que dois deles não tinham um ressonar normal... era nojento, com diferentes notas e melodias, nada bonito ao ouvido do ser humano... encontramos pessoas de várias nacionalidades e trocamos experiências.

brno é uma cidade muito bonita, com edifícios robustos que se orgulham de não terem sido postos abaixo na segunda guerra mundial. visitámos a antiga prisão que tinha sido um castelo outrora. ponto obrigatório em brno! no segundo dia, apenas saímos para uma pequena volta e pouco mais... ficamos no hostel a comer bolos e pão...

quando finalmente conseguimos sair de brno, depois de 20kms percorridos, pedalamos em direcção à áustria, mesmo sabendo que não chegaríamos nesse dia e mais uma vez, não tínhamos onde ficar...
encontramos novamente um lago e neste tinhamos vários sítios para acampar mas como chegamos cedo, sentamo-nos na relva a comer, com os papeis nas bicicletas com esperança que alguém nos convidasse para o seu jardim. não tivemos muita sorte... tivemos de acampar e posso dizer que soube bem! a noite estava óptima, sem uma pinga de chuva! revestimo-nos com repelento e sobrevivemos aos mosquitos e aos seus ataques! dormimos como anjinhos e acordamos cheios de energia para percorrer as estradas da áustria! sabe bem acampar sem ninguém à nossa volta, sem falar com ninguém e ter uma vista magnifica para um enorme lago! esta esperiência, sim, quero repetir!

15.8.09

quero novas cores... mas quais?

esta cor azul como fundo está a irritar-me profundamente!!! o pior é que não consigo mudar... nada me agrada...

pequenas mudanças

quando somos pequenos escrevemos a nossa vida em diários, fechando-os bem à chave. hoje escrevemos as nossas vidas em blogues para para sermos lidos por conhecidos e desconhecidos...

8.8.09

muito profissional!

basta fazer de conta que percebemos do assunto para a pessoa não ficar com medo e depois rezamos para que corra tudo bem!

estou admirada com as minhas capacidades! posso fazer dinheiro durante a viagem!

nem o nosso anfitrião escapou!

só assim!

só me caso se tiver uma cerimónia assim mas com outra coreografia, claro!!!

a nossa cor

inseparáveis

bicicleta escondida com roda de fora

para o natal

quero uns patins em linha! não sei andar mas quero muito!

só para lembrar

"a minha casa... a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa, a minha casa... ladrões."
(teatro praga - excerto do texto avarento ou a última festa)


4.8.09

os actores no campo de concentração


uma aventura na polónia

já nos despedimos da polónia… há países que custa virar costas e seguir caminho. polónia foi daqueles países que gostamos mal entramos. encontramos pessoas a sorrir e isso para nós é muito bom! o que para nós não foi muito bom, foi o caminho que percorremos… ai mãe! era tudo muito monótono e cansativo. longas rectas onde à nossa direita avistávamos campos de trigo a perder de vista e a nossa esquerda, também a perder de vista, campos de trigo! não precisamos nunca de ligar o gps. não havia forma de nos perdermos, pois o caminho era sempre em frente, não há que enganar amigo! voltamos ao sobe e desce, como ondas em alcatrão e desta vez o alcatrão não estava a nosso favor. já não tínhamos as pistas para ciclismo, o que tínhamos era uma estrada cheia de camiões e em muito mau estado.
pedalamos debaixo do sol quente e por entre humidade até zielona gora. uma família acolheu-nos como rei e rainha! até tive direito a que o senhor afasta-se a cadeira para me sentar e encher o meu copo quando estava vazio… a senhora preparou-nos pratos típicos, dos quais ficamos fãs e durante a nossa estadia na polónia, repetimos vezes sem conta um dos pratos, os famosos pierogis ruskie. sentados à mesa, tivemos uma verdadeira lição de história sobre a polónia, sobre a alteração territorial que ela sofreu após a segunda guerra mundial, os problemas que sentiram com o comunismo… intercalando com a aula de história, tínhamos lições de polaco. saímos a dizer bom dia e obrigada.


se o caminho até zielona gora foi duro, o que posso dizer do caminho até lubin? como diria uma criança “foi duro ao quadrado” o calor obrigava-nos a parar de vinte em vinte quilómetros, bebíamos litros de água, estávamos a escorrer em transpiração, bichos minúsculos pretos colavam-se a nós, melgas realmente melgas que teimavam em nos comer, novamente rectas com grandes ondulações, campos de trigos e mais campos de trigo e assim chegamos a lubin, onde a jola nos preparou uma sopa deliciosa, enquanto tomávamos um banho quente e ofereceu-nos um sofá/cama muito confortável! assim esquecemo-nos do duro (ao quadrado) caminho.


acordávamos e preparamo-nos para partir, sim porque com a saída em lubin, faria o quinto dia a pedalar, sem um dia de descanso. até tenho vergonha de dizer que tinha umas pequenas feridas no rabo… se não fosse tão pesado, colocava um banco de carro na bicicleta! o que me alegrava era saber que iríamos ficar alguns dias a descansar na próxima cidade, em wroclaw. para ter esse prémio, tivemos que ultrapassar o dia mais difícil! claro que há uma explicação para aquilo que passamos e resume-se assim: a polónia foi um dos país escolhidos para o europeu de futebol em 2012 o que significa, obras nas estradas. a polónia não tem muitas opções de caminhos, o que nos obrigou a pedalar junto a centenas de camiões. agora vamos somar o calor, a humidade, as melgas entre outros bichinhos, as obras, o calor do alcatrão, o calor dos camiões, o tentar pedalar dando o nosso máximo pois sentíamos uma fila de camiões atrás de nós… foi duro, muito duro!
wroclaw é uma grande cidade. entramos nela e no momento em que paramos as bicicletas para olhar para o mapa, para um rapaz que se disponibiliza para nos ajudar. a ajuda foi muito bem-vinda, já que metade do caminho até casa dos nossos anfitriões foi na sua companhia. deixou-nos sozinhos quando o caminho se transformava numa recta de quatro quilómetros e lá encontraríamos, sem problemas, a casa. despedimo-nos prometendo um encontro num café, trocando números de telemóvel. finalmente em casa! não estava ninguém e não tínhamos o contacto do casal… esperamos e no momento da espera o rafael, olhando para o céu diz: “vem aí uma grande tempestade”. arrumamos as coisas sem grande pressa, quando o vento forte nos obrigou a ser mais rápidos. depressa nos abrigamos dentro do prédio e assistimos a uma enorme tempestade, primeiro com vento forte que levantava a poeira e depois a chuva e trovoada! o tempo passava e os nosso anfitriões ainda não tinham chegado e isso fez com que crescesse uma tempestade dentro de nós! esperamos três horas e nada!!! decidimos enviar uma mensagem ao rapaz que já nos dia ajudado, ao radek.

não só nos acolheu como nos veio buscar com uma carrinha. santo rapaz! a casa era tão acolhedora e qual foi o nosso espanto quando entra em casa a namorada dele, a monika. tínhamos passado por ela na rua, pouco depois de termos entrado na cidade. rapariga loira, com um vestido branco numa bicicleta. não podíamos ter encontrado melhor casal! ambos vegetarianos e amantes de bicicletas, como nós!



passeamo-nos pela cidade e sentimo-nos bem nela, sentimo-nos em casa. o centro é bonito com lindas fachadas, os gelados são óptimos e o tamanho das pizzas são de ficarmos de boca aberta a olhar para elas e soltarmos uma gargalhada! sabe bem comer muito e pagar pouco!
decidimos confiar as bicicletas ao radek e a monika e apanhar o comboio até cracóvia. seria um desvio muito grande para ir de bicicleta… quatro horas num banco duro, foi duro…

chegamos, penso que mais cansados do que se pedalassemos
durante quatro horas! tudo o que acontece em cracóvia é a pensar no turismo, tirando isso, é uma cidade bonita. o bairro judeu é uma passagem obrigatória.
tivemos uma nova experiência no nosso alojamento. ficamos numa casa de cinco pessoas que aceitaram alojar mais dez. o resultado foi tudo ao molho e fé em deus. espanhois, belgas, australianos, canadianos, polacos, alemaes e, claro está, portugueses!
um dos momentos esperados na polónia, era visitar o campo de concentração em auschwitz-birkenau. fomos de autocarro para lá. é uma experiência que mexe cá dentro… entramos e temos a frase de boas vindas: “o trabalho traz liberdade” e só aí já fazemos má cara… passando a entrada e o arame farpado, olhamos à volta e esquecemo-nos onde estamos. hoje, é um museu. tudo está bem cuidado, e esquecendo o que lá se passou, seriamos capazes de dizer:”até vivia aqui”. cada bloco tem o seu número e cada um conta-nos um pouco do seu passado. tudo está bem tratado mas nada consegue esconder o que lá aconteceu… as fotografias das caras das pessoas que lá estiveram que forram as paredes do corredor , não deixam esquecer, os objectos pessoais que sobreviveram, não deixam esquecer. começamos a engolir em seco, os sorrisos desaparecem e caminhamos em silêncio, vemos uma mulher que se esconde numa janela para ninguém ver as suas lágrimas. choca quando olhamos para milhares de sapatos empilhados e choca mais quando vemos os sapatos das crianças todos juntos. noutra sala, vemos as malas, noutra os óculos, as próteses… entramos numa sala que tinha uma cheiro estranho. lá, encontramos os cabelos das mulheres, alguns ainda com tranças… o cabelo era usado para fazerem tapeçaria… choca olhar para as fotos mas por mais que lemos e vemos as imagens, penso que nunca conseguiremos imaginar o que essas pessoas sentiram, os seus medos, as suas dores… não temos fotos do interior pois era proibido… mas acredito que não irei esquecer o que vi.

saímos e fomos até birkenau. era lá que os comboios paravam e faziam a selecção das pessoas. já não o sentimos como um museu. o sítio é frio, cru, nu. as barracas sobreviventes mostram-nos as condições onde viviam. na nossa cabeça só aparece a frase: “como é que é possível?!”. nada foi pintado, nada foi tratado. o cheiro é estranho, o aperto cá dentro aumenta. as barracas que foram destruídas deixaram marcas, deixando ao alto as chaminés que resistiram ao tempo. saímos de birkenau e não parávamos de relembrar o que vimos, de comentar e repetir as mesmas perguntas. foi uma experiência bastante dura de viver.
nessa noite dormimos em kozy. apanhamos fruta das árvores e fomos passear ao monte e dormimos como anjinhos com a ajuda do enorme cansaço que transportávamos.



apanhamos novamente o comboio para junto das nossas bicicletas. depois de uma noite bem passada, voltamos à estrada. levamos connosco o número de telemóvel de um amigo do radek e da monika que nos convidou para a sua casa. aceitamos o convite e fizemos noventa e três quilómetros para chegar até nowina, uma pequena aldeia com sessenta habitantes! chegamos, olhamos à volta e achamos por bem pedir se seria possível ficar por duas noites! tínhamos aterrado num pequeno paraíso. uma enorme quinta com cavalos, cabras, gatos, um cão que nos visitava apenas à noite, ratos que apareciam mortos ou na boca de um gato. íamos buscar o leite acabado de ser tirado da vaca, íamos buscar as cabras e guardá-las para passarem a noite quentinhas, tirar o leite à cabra mais velha e aprender que quando ela não quer dar mais leite, “fecha a torneira” mesmo tendo ainda muito leite. encontrar uma sauna artesanal no meio do nada. cozinhamos numa cozinha ao ar livre olhando para as teias de aranha à nossa volta. tudo é natural e despreocupado. o jurek e o kuba, foram impecáveis e passamos uns momentos a falar em português com o kuba que estragou o bom momento quando nos avisou que no quarto onde estávamos, também estava um fantasma e que várias pessoas já o sentiram… pronto, estragou tudo! já não subi sozinha! esperava pelo rafael e dormimos juntinhos como há muito não dormíamos! dormimos numa cama de palha e posso dizer que foi das camas mais confortáveis onde já dormi!
foi difícil sair daquela casa depois de duas noites bem passadas… despedimo-nos levando connosco um frasco de compota caseira. mais uma vez sentimos que marcamos de uma certa maneira as pessoas. ver o kuba a olhar em silêncio para as bicicletas com vontade de fazer o mesmo, pedir para experimentar a bicicleta e ver o sorriso na sua cara. em modo de brincadeira dizíamos para pegar na bicicleta e vir atrás de nós!
o caminho foi bastante cansativo mas não mortífero. o que marcou esse caminho, foi termos parado numa pequena loja para comprar uma fruta e beber um café, sentarmo-nos numa mesa ao lado de duas pessoas que começaram a falar connosco, em polaco, claro… e claro que não percebemos nada mas conseguimos explicar por desenhos e mímica a nossa viagem! são esses momentos que nos dão energia para continuar o caminho com um sorriso.
chegamos à última paragem da polónia, boboszow e ficamos noutra quinta que pertence à família do namorado da filha do jurek. foi uma estranha experiência… a filha não estava lá, ninguém vinha ter connosco e ninguém falava inglês…
tivemos de telefonar ao jurek para lhes telefonar e explicar a nossa situação. conseguimos entrar e montar a tenda mas sentimo-nos como bichos estranhos… fazíamos a nossa vidinha sem falar com ninguém. os cavalos andavam à solta ao nosso lado assim como os porcos pretos. era tudo novo para mim!
acordamos ouvindo um cavalo ao lado da tenda a comer erva… levantamo-nos e começamos o dia na companhia dos cavalos, passando por eles e acariciando-os. passar por um porco e fazer-lhe miminhos e ele deitar-se como um cão cheio de mimos! falamos mais com o papagaio que eles tinham que propriamente com a família… quando nos despedimos das pessoas é que nos perguntaram se tínhamos vindo de portugal até ali de bicicleta, todos estavam curiosos… uma miúda fazia a tradução e assim conseguimos trocar umas duas frases…
foi assim a nossa aventura em terras polacas! no entanto, foi estranho, porque antes da segunda guerra mundial, muito daquilo que percorremos era alemanha… recomendamos polónia!!!

hum... que bom

pedaços de mim